Powered By Blogger

quinta-feira, 21 de abril de 2011


                                         IPUEIRA
                                                                   
                                                                                                      
                                                      Wellington Antônio Aguiar
                                                                                                    

Se não tem mais sol fugindo
Enfiando a tarde atrás da serra
Tem o rio que vai seguindo
Molha o peito, molha a terra

Vento quente sopra forte
Faz a rima do meu verso
Essa dor que se aporte
No meu porto submerso

Cadê meu pai lá na varanda
Assuntando o tempo com o olhar
Laço forte está de banda
Sem ter mais o que arrochar

Rapa a cuia, Manezinho
É o leite que sobrou
Lambe os dedos, rapazinho
Que a farinha acabou

Cheira forte, ô madeira,
Vaca geme lá na sanga
Sopra brisa a vida inteira
Noite cheira a cheiro de pitanga

Boi cruel sumiu no ermo
Pedro Congo se assustou
E põe a sua jura a termo
Pra contar que o boi voou

Minha mãe mexendo o tacho
Doce de fumaça, sim senhor
O pito morto atrás do cacho
Pra dizer que não pitou

Rapa a cuia, Manezinho
É o leite que sobrou
Lambe os dedos, rapazinho
Que a farinha acabou

Meu irmão lá na cozinha
Mede a estrada que o levou
Tira a rosca, tia Binha
É a saudade que ficou

Canta, chora juriti
Seu lamento faz doer
É que a vida foi simbora
Nunca mais veio me ver

Corta a carne, o peito invade
Não sei de outra maneira
Dou as costas pra saudade
Vou pescar na ipueira

Nenhum comentário:

Postar um comentário